Acontece entre os dias 14 e 16 de dezembro de 2017 na USP o X Simpósio Nacional ABCiber - Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura. Com uma proposta diferente e inovadora no modo de apresentar e compartilhar pesquisas científicas, as apresentações acontecem em espaços abertos, com compartilhamento de conteúdo via QRCode, GDrive e outras ferramentas que possibilitem os participantes acessarem as informações através de seus smartphones.
Abaixo, minha versão de resumo expandido do texto apresentado, em breve o trabalho completo estará disponível nos Anais do evento.
Enjoy! :)
A era das techs
e a hibridização dos negócios
[1]
Siméia de Azevedo Santos[2]
(Versão Resumo Expandido)
Resumo
Na
era da sociedade digitalizada, fluidez e velocidade se tornam não só
essenciais, mas pré-requisitos também para novos produtos e novas tecnologias.
Neste contexto, as fronteiras entre os conhecimentos e os serviços, por décadas
delimitadas, começam a ficar mais permeáveis e mais suscetíveis a mudanças e a
uma veloz adaptabilidade, cenário perfeito para o surgimento expressivo das techs, termo diminutivo de technologies que designam empresas de
negócios já estabelecidos no mercado com o aprimoramento e escalabilidade
trazidos pela aplicação da tecnologia. Neste recorte, pretende-se explorar
algumas das faces das Legaltechs,
negócios que trazem novidades tecnológicas ao conservador mundo do direito; das
Edtechs, tecnologias aplicadas a
novos instrumentos na educação; e das Fintechs,
as empresas de tecnologia que conseguiram encontrar uma nova abordagem para o
já tecnológico setor bancário dos grandes lucros. Em comum, todas as vertentes
trazem um discurso de maior alcance por parte de seus players. Neste âmbito, através de pesquisa exploratória e estudo de
caso, este artigo pretende analisar de maneira introdutória o contexto de
surgimento das techs propostas pelo
recorte da pesquisa, a evolução do modo de acesso aos seus serviços e a atual
perspectiva do tema em território brasileiro.
Palavras-chave: Edtechs, Fintechs, Legaltechs, Novos
Negócios.
Introdução
As
pesquisas sobre os avanços das Tecnologias de Informação e sua intersecção com
os negócios datam seus primórdios nas últimas décadas do século XX.
Desde
então o que se começa a discutir é: como os modelos de análises de sistemas e
as novas modelagens de dados podem afetar o modo como esses negócios vêm sendo
feito e a dinâmica de interação dos interlocutores, bem como quais lacunas
esses modelos de negócios estão utilizando para ancorar seu crescimento.
Corroborando para o recorte, vale citar o levantamento
do estudo de Wright et al.[3]
que aponta que 95% do potencial de empreender em inovação está concentrado no
setor de serviços.
Para
percorrer o caminho esta pesquisa se propõe a fazer uma breve revisão histórica
da tecnologia no direito, na educação e nos serviços de soluções de pagamentos na
história recente e abordar seus contextos de surgimento, bem como discorrer sobre
ganhos em gestão e aproveitamento de potencial e também ponderar sobre pontos
positivos e negativos.
O
estudo adotado nesta pesquisa foi o explanatório através de estudos de casos
múltiplos, onde o intuito é elencar as razões do fenômeno observado, conforme
proposto por Yin[4]. A
análise exploratória de dados se deu através de artigos publicados e dados
secundários publicados em entrevistas e em associações dos setores e em eventos
oficiais relacionados aos temas: Legaltechs
brasileiras / no Brasil, Lawtechs no
Brasil (termo utilizado como variante de Legaltech, porém com o mesmo
significado) Edtechs brasileiras / no
Brasil, Fintechs brasileiras / no
Brasil.
A
escolha dos estudos de caso se deu pela combinação relevância no contexto
histórico ou representativo e acessibilidade aos dados.
Legaltechs:
tecnologia no conservadorismo do direito
No Brasil, a instituição que agrupa a categoria é a
Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs, reconhecida pela sigla AB2L[5].
Na ocasião de seu lançamento oficial, em junho de 2017, a instituição já contava
com a participação de três dezenas de afiliados, e em menos de três meses após
o lançamento oficial da instituição este número já havia subido quase em 50%.
De acordo com os principais fundadores, Nybo[6]
e Feigelson[7],
a utilização dos dois nomes, Lawtechs
e Legaltechs, em detrimento de apenas
um se deu principalmente para evitar discordâncias de entendimento entre os
participantes, mas seu significado é o mesmo: ambas definem startups que tem como modelo de negócio
criar serviços e produtos jurídicos voltados a atender clientes pessoa física,
pessoa jurídica, advogados, escritórios e
departamentos jurídicos.
O mercado
das Legaltechs é segmentado em grupos
de serviços tomando por base as tecnologias aplicadas em cada um. Essa
classificação foi encontrada na pesquisa exploratória da maioria dos artigos e
materiais pesquisados, e é também o utilizado pela AB2L, são eles: Mineração de
dados e big data, Acordos e resolução de disputas, Jurimetria, Gestão de
escritórios e/ou processos internos, Marketplaces
de serviços jurídicos, Sistematização ou automatização de contratos, Robôs para
preenchimento automático de documento, Registros e serviços de obtenção de
documentos, Pesquisa de base de dados, Entre outros tipos ou mix de soluções.
Case de Legaltech: Sem
Processo
A Legaltech
Sem Processo é uma plataforma que aproxima as partes envolvidas no litígio,
tornando a negociação com as empresas mais simples e direta. O advogado
protocola a petição na plataforma online do Sem Processo, que recebe a inicial
e encaminha para a empresa reclamada; o departamento jurídico da empresa
reclamada recebe e analisa a possibilidade de acordo, e através da plataforma
as partes negociam.
Esta Legaltech
foi escolhida por ser protagonista de uma redução substancial para a empresa
Localiza, que tinha cerca de 20 mil processos em andamento e já vislumbrava uma
perspectiva de reduzir seu contencioso em 50% ao fim do primeiro ano de uso da
plataforma, gerando acordos antes que estes se tornem processos judiciais e
economizando com custas e com todo o procedimento, inclusive com o departamento
pessoal, de acordo com o advogado CEO da plataforma, Feigelson[8].
Fintechs: novos entrantes no setor dos grandes lucros
Fintechs são aquelas empresas que usam tecnologia de
forma intensiva para oferecer produtos na área de serviços financeiros de uma
forma inovadora, e de acordo com a Associação Brasileira de Fintechs, a ABFintechs[9],
são sempre focadas na experiência e necessidade do usuário. A experiência
de consumo proposta pelas Fintechs, em
sua maioria faz com que o consumidor seja atraído pela facilidade e rapidez de
oferecimento dos serviços. O que possibilitou sua expansão regulada foi a Lei nº
12.865/2013, que previa a regulamentação dos arranjos de pagamento e abriu uma
lacuna para as novas tecnologias atuarem.
Case de Fintech: Nubank
Fintech brasileira que nasceu em 2013. Seus serviços: cartão não
vinculado a banco, com bandeira mastercard,
uma das mais amplas capilaridades de aceitação para pagamentos no Brasil e no
Mundo. Nasceu da proposta de simplificar o acesso a este serviço pelas pessoas,
para que elas fossem as protagonistas de seu próprio controle financeiro, de
acordo com o próprio CEO da Fintech.
Essa startup financeira
apresenta um propósito diferente dos bancos e empresas convencionais de solução
de pagamento, através de sua linguagem e de como se comunica com seu público
alvo, contando sua trajetória de criação e rodadas de investimento e utilizando
elementos de estratégia de comunicação composta por storytelling, isso é, a história que a startup tem para contar e
como ela pode se conectar com seu público.
A Fintech conta no site a sua
jornada desde 2013, quando Vélez[10] conseguiu o primeiro
aporte, passando pelo seu lançamento ao público em 2014, a premiação no Vale do
Silício em 2016, ao reconhecimento de melhor cartão eleito pelos clientes e ao
lançamento do programa de recompensas em 2017.
Edtechs:
destacando a gamificação da aprendizagem
Uma
das associações de apoio ao ecossistema de Edtechs
brasileiras é a Edtech Brasil[11],
fomentada por um comitê específico da ABStartup, a Associação Brasileira de Startups. Neste item se pretende
explorar as Edtechs especialmente
voltadas para plataformas gamificadas de aprendizagem. O case Edtech: DOT
Digital Group.
Considerações finais
Este
estudo teve como questão principal abordar o contexto de surgimento das techs através do recorte da pesquisa: as
Legaltechs, Edtechs e Fintechs; passando
pela emergência e evolução do tema
através do modo de acesso aos seus serviços e a atual perspectiva do tema em
território brasileiro. Percebe-se que o mercado está mudando em ritmo muito
rápido. Os principais pontos de destaque deste estudo, apresentado parcialmente
até o momento, são de fluidez e permeabilidade dos negócios: as delimitações
estão bem mais fluídas, mais tipos de conhecimento e de profissionais
interagem, novas abordagens são consideradas, seja no aprendizado, no oferecimento
de novos serviços ou na regulação de novos mercados; e aumento de velocidade na
criação de novas e disruptivas soluções, mudando a lógica pré-estabelecida nos
mercados.
Referências bibliográficas
AB2L - Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs.
Disponível em: www.ab2l.net.br. Acessado em 11/09/2017.
ABFintech
– Associação Brasileira de Fintechs. Disponível em: www.abfintech.com.br.
Acessado em 14/10/2017.
Edtech Brasil – Comitê de Edtech da ABStartup. Disponível em:
http://www.edtechbrasil. com.br. Acessado em: 01/10/2017.
FEIGELSON, Bruno. Você sabe o que é LawTech? Uma
revolução silenciosa já está em curso. Disponível em: https://jota.info/colunas/lawtech/voce-sabe-o-que-e-lawtech-04032017.
Acessado em 16/09/2017.
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto
Alegre: Bookman, 2005.
NYBO,
Erik Fontenele. Primeira Conferência Internacional de Lawtechs e Legaltechs.
(22 Agosto, 2017). São Paulo, INSPER.
VELEZ,
David. NUBANK. Disponível em: https://www.nubank.com.br/sobre-nos. Acesso em
10/10/2017.
WRIGHT, J.; SILVA, A.; SPERS, R. O mercado de trabalho no
futuro: uma discussão sobre profissões inovadoras, empreendedorismo e
tendências para 2020. Revista de Administração e Inovação, 7(3).
2010, p. 174-197.
[7] FEIGELSON, Bruno. Você sabe o que é LawTech? Uma revolução silenciosa já está em curso. Disponível em: https://jota.info/colunas/lawtech/voce-sabe-o-que-e-lawtech-04032017. Acessado em 16/09/2017.
[8] FEIGELSON, Bruno. Op. Cit.
[1] Artigo apresentado ao
Eixo Temático 13 – Arquiteturas digitais de interação, novos modelos de
negócios, economia do compartilhamento e colaboração, do X Simpósio
Nacional da ABCiber.
[2] Pesquisadora é Mestranda em Administração
pela PUC-SP. E-mail:
sazevedotreinamentos@gmail.com
[3]
WRIGHT,
J.; SILVA, A.; SPERS, R. O mercado de trabalho no futuro: uma discussão sobre
profissões inovadoras, empreendedorismo e tendências para 2020. Revista
de Administração e Inovação, 7(3). 2010, p. 174-197.
[4] YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto
Alegre: Bookman, 2005.
[5] AB2L -
Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs. Disponível em: www.ab2l.net.br.
Acessado em 11/09/2017.
[6]
NYBO, Erik Fontenele. Primeira Conferência Internacional de Lawtechs e
Legaltechs. (22 Agosto, 2017). São Paulo, INSPER.
[9] ABFintech – Associação Brasileira de Fintechs.
Disponível em: www.abfintech.com.br. Acessado em 14/10/2017.
[10] VELEZ, David. NUBANK.
Disponível em: https://www.nubank.com.br/sobre-nos. Acesso em 10/10/2017.
[11] Edtech Brasil – Comitê de Edtech da
ABStartup. Disponível em: http://www.edtechbrasil. com.br. Acessado em:
01/10/2017.