sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Acontece | X ABCiber - Conectividade, Hibridação e Ecologias das Redes Digitais


Acontece entre os dias 14 e 16 de dezembro de 2017 na USP o X Simpósio Nacional ABCiber - Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura. Com uma proposta diferente e inovadora no modo de apresentar e compartilhar pesquisas científicas, as apresentações acontecem em espaços abertos, com compartilhamento de conteúdo via QRCode, GDrive e outras ferramentas que possibilitem os participantes acessarem as informações através de seus smartphones.

Abaixo, minha versão de resumo expandido do texto apresentado, em breve o trabalho completo estará disponível nos Anais do evento.

 Enjoy! :)



A era das techs e a hibridização dos negócios [1]
Siméia de Azevedo Santos[2]             
(Versão Resumo Expandido)
Resumo
Na era da sociedade digitalizada, fluidez e velocidade se tornam não só essenciais, mas pré-requisitos também para novos produtos e novas tecnologias. Neste contexto, as fronteiras entre os conhecimentos e os serviços, por décadas delimitadas, começam a ficar mais permeáveis e mais suscetíveis a mudanças e a uma veloz adaptabilidade, cenário perfeito para o surgimento expressivo das techs, termo diminutivo de technologies que designam empresas de negócios já estabelecidos no mercado com o aprimoramento e escalabilidade trazidos pela aplicação da tecnologia. Neste recorte, pretende-se explorar algumas das faces das Legaltechs, negócios que trazem novidades tecnológicas ao conservador mundo do direito; das Edtechs, tecnologias aplicadas a novos instrumentos na educação; e das Fintechs, as empresas de tecnologia que conseguiram encontrar uma nova abordagem para o já tecnológico setor bancário dos grandes lucros. Em comum, todas as vertentes trazem um discurso de maior alcance por parte de seus players. Neste âmbito, através de pesquisa exploratória e estudo de caso, este artigo pretende analisar de maneira introdutória o contexto de surgimento das techs propostas pelo recorte da pesquisa, a evolução do modo de acesso aos seus serviços e a atual perspectiva do tema em território brasileiro.

Palavras-chave: Edtechs, Fintechs, Legaltechs, Novos Negócios.

Introdução
As pesquisas sobre os avanços das Tecnologias de Informação e sua intersecção com os negócios datam seus primórdios nas últimas décadas do século XX.
Desde então o que se começa a discutir é: como os modelos de análises de sistemas e as novas modelagens de dados podem afetar o modo como esses negócios vêm sendo feito e a dinâmica de interação dos interlocutores, bem como quais lacunas esses modelos de negócios estão utilizando para ancorar seu crescimento. Corroborando para o recorte, vale citar o levantamento do estudo de Wright et al.[3] que aponta que 95% do potencial de empreender em inovação está concentrado no setor de serviços.
Para percorrer o caminho esta pesquisa se propõe a fazer uma breve revisão histórica da tecnologia no direito, na educação e nos serviços de soluções de pagamentos na história recente e abordar seus contextos de surgimento, bem como discorrer sobre ganhos em gestão e aproveitamento de potencial e também ponderar sobre pontos positivos e negativos.
O estudo adotado nesta pesquisa foi o explanatório através de estudos de casos múltiplos, onde o intuito é elencar as razões do fenômeno observado, conforme proposto por Yin[4]. A análise exploratória de dados se deu através de artigos publicados e dados secundários publicados em entrevistas e em associações dos setores e em eventos oficiais relacionados aos temas: Legaltechs brasileiras / no Brasil, Lawtechs no Brasil (termo utilizado como variante de Legaltech, porém com o mesmo significado) Edtechs brasileiras / no Brasil, Fintechs brasileiras / no Brasil.
A escolha dos estudos de caso se deu pela combinação relevância no contexto histórico ou representativo e acessibilidade aos dados.

Legaltechs: tecnologia no conservadorismo do direito
No Brasil, a instituição que agrupa a categoria é a Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs, reconhecida pela sigla AB2L[5]. Na ocasião de seu lançamento oficial, em junho de 2017, a instituição já contava com a participação de três dezenas de afiliados, e em menos de três meses após o lançamento oficial da instituição este número já havia subido quase em 50%.
De acordo com os principais fundadores, Nybo[6] e Feigelson[7], a utilização dos dois nomes, Lawtechs e Legaltechs, em detrimento de apenas um se deu principalmente para evitar discordâncias de entendimento entre os participantes, mas seu significado é o mesmo: ambas definem startups que tem como modelo de negócio criar serviços e produtos jurídicos voltados a atender clientes pessoa física, pessoa jurídica, advogados, escritórios e  departamentos jurídicos.
            O mercado das Legaltechs é segmentado em grupos de serviços tomando por base as tecnologias aplicadas em cada um. Essa classificação foi encontrada na pesquisa exploratória da maioria dos artigos e materiais pesquisados, e é também o utilizado pela AB2L, são eles: Mineração de dados e big data, Acordos e resolução de disputas, Jurimetria, Gestão de escritórios e/ou processos internos, Marketplaces de serviços jurídicos, Sistematização ou automatização de contratos, Robôs para preenchimento automático de documento, Registros e serviços de obtenção de documentos, Pesquisa de base de dados, Entre outros tipos ou mix de soluções.

Case de Legaltech: Sem Processo
A Legaltech Sem Processo é uma plataforma que aproxima as partes envolvidas no litígio, tornando a negociação com as empresas mais simples e direta. O advogado protocola a petição na plataforma online do Sem Processo, que recebe a inicial e encaminha para a empresa reclamada; o departamento jurídico da empresa reclamada recebe e analisa a possibilidade de acordo, e através da plataforma as partes negociam.
Esta Legaltech foi escolhida por ser protagonista de uma redução substancial para a empresa Localiza, que tinha cerca de 20 mil processos em andamento e já vislumbrava uma perspectiva de reduzir seu contencioso em 50% ao fim do primeiro ano de uso da plataforma, gerando acordos antes que estes se tornem processos judiciais e economizando com custas e com todo o procedimento, inclusive com o departamento pessoal, de acordo com o advogado CEO da plataforma, Feigelson[8].

Fintechs: novos entrantes no setor dos grandes lucros
Fintechs são aquelas empresas que usam tecnologia de forma intensiva para oferecer produtos na área de serviços financeiros de uma forma inovadora, e de acordo com a Associação Brasileira de Fintechs, a ABFintechs[9], são sempre focadas na experiência e necessidade do usuário. A experiência de consumo proposta pelas Fintechs, em sua maioria faz com que o consumidor seja atraído pela facilidade e rapidez de oferecimento dos serviços. O que possibilitou sua expansão regulada foi a Lei nº 12.865/2013, que previa a regulamentação dos arranjos de pagamento e abriu uma lacuna para as novas tecnologias atuarem.
Case de Fintech: Nubank
Fintech brasileira que nasceu em 2013. Seus serviços: cartão não vinculado a banco, com bandeira mastercard, uma das mais amplas capilaridades de aceitação para pagamentos no Brasil e no Mundo. Nasceu da proposta de simplificar o acesso a este serviço pelas pessoas, para que elas fossem as protagonistas de seu próprio controle financeiro, de acordo com o próprio CEO da Fintech.
Essa startup financeira apresenta um propósito diferente dos bancos e empresas convencionais de solução de pagamento, através de sua linguagem e de como se comunica com seu público alvo, contando sua trajetória de criação e rodadas de investimento e utilizando elementos de estratégia de comunicação composta por storytelling, isso é, a história que a startup tem para contar e como ela pode se conectar com seu público.  A Fintech conta no site a sua jornada desde 2013, quando Vélez[10] conseguiu o primeiro aporte, passando pelo seu lançamento ao público em 2014, a premiação no Vale do Silício em 2016, ao reconhecimento de melhor cartão eleito pelos clientes e ao lançamento do programa de recompensas em 2017.  

Edtechs: destacando a gamificação da aprendizagem
Uma das associações de apoio ao ecossistema de Edtechs brasileiras é a Edtech Brasil[11], fomentada por um comitê específico da ABStartup, a Associação Brasileira de Startups. Neste item se pretende explorar as Edtechs especialmente voltadas para plataformas gamificadas de aprendizagem. O case Edtech: DOT Digital Group.

Considerações finais
Este estudo teve como questão principal abordar o contexto de surgimento das techs através do recorte da pesquisa: as Legaltechs, Edtechs e Fintechs; passando pela emergência e  evolução do tema através do modo de acesso aos seus serviços e a atual perspectiva do tema em território brasileiro. Percebe-se que o mercado está mudando em ritmo muito rápido. Os principais pontos de destaque deste estudo, apresentado parcialmente até o momento, são de fluidez e permeabilidade dos negócios: as delimitações estão bem mais fluídas, mais tipos de conhecimento e de profissionais interagem, novas abordagens são consideradas, seja no aprendizado, no oferecimento de novos serviços ou na regulação de novos mercados; e aumento de velocidade na criação de novas e disruptivas soluções, mudando a lógica pré-estabelecida nos mercados.

Referências bibliográficas  
AB2L - Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs. Disponível em: www.ab2l.net.br. Acessado em 11/09/2017.
ABFintech – Associação Brasileira de Fintechs. Disponível em: www.abfintech.com.br. Acessado em 14/10/2017.
Edtech Brasil – Comitê de Edtech da ABStartup. Disponível em: http://www.edtechbrasil. com.br. Acessado em: 01/10/2017.
FEIGELSON, Bruno. Você sabe o que é LawTech? Uma revolução silenciosa já está em curso. Disponível em:  https://jota.info/colunas/lawtech/voce-sabe-o-que-e-lawtech-04032017. Acessado em 16/09/2017.
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2005.
NYBO, Erik Fontenele. Primeira Conferência Internacional de Lawtechs e Legaltechs. (22 Agosto, 2017). São Paulo, INSPER.
VELEZ, David. NUBANK. Disponível em: https://www.nubank.com.br/sobre-nos. Acesso em 10/10/2017.
WRIGHT, J.; SILVA, A.; SPERS, R. O mercado de trabalho no futuro: uma discussão sobre profissões inovadoras, empreendedorismo e tendências para 2020. Revista de Administração e Inovação, 7(3). 2010, p. 174-197.




[7] FEIGELSON, Bruno. Você sabe o que é LawTech? Uma revolução silenciosa já está em curso. Disponível em:  https://jota.info/colunas/lawtech/voce-sabe-o-que-e-lawtech-04032017. Acessado em 16/09/2017.
[8] FEIGELSON, Bruno. Op. Cit.


[1]    Artigo apresentado ao Eixo Temático 13 – Arquiteturas digitais de interação, novos modelos de negócios, economia do compartilhamento e colaboração, do X Simpósio Nacional da ABCiber.
[2]    Pesquisadora é Mestranda em Administração pela PUC-SP.  E-mail: sazevedotreinamentos@gmail.com
[3] WRIGHT, J.; SILVA, A.; SPERS, R. O mercado de trabalho no futuro: uma discussão sobre profissões inovadoras, empreendedorismo e tendências para 2020. Revista de Administração e Inovação, 7(3). 2010, p. 174-197.
[4] YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2005.
[5] AB2L - Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs. Disponível em: www.ab2l.net.br. Acessado em 11/09/2017.
[6] NYBO, Erik Fontenele. Primeira Conferência Internacional de Lawtechs e Legaltechs. (22 Agosto, 2017). São Paulo, INSPER.
[9] ABFintech – Associação Brasileira de Fintechs. Disponível em: www.abfintech.com.br. Acessado em 14/10/2017.
[10] VELEZ, David. NUBANK. Disponível em: https://www.nubank.com.br/sobre-nos. Acesso em 10/10/2017.
[11] Edtech Brasil – Comitê de Edtech da ABStartup. Disponível em: http://www.edtechbrasil. com.br.  Acessado em: 01/10/2017.


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