terça-feira, 8 de novembro de 2022

Dica de leitura | Finanças Comportamentais

 Dinheiro, emoção e decisão: livro analisa a organização financeira pelo viés da Economia Comportamental

Entre a Psicologia e a Economia, o autor Emerson W. Dias investiga os fatores irracionais que também participam de nossas decisões de consumo Abordando educação financeira, neuroeconomia, psicanálise e arquitetura da escolha, a obra explora a relação - por vezes conflituosa - entre dinheiro e emoção. 

O mundo não é binário. Pessoas não são máquinas previsíveis, nem criaturas movidas (somente) por impulsos irracionais. Entretanto, a economia tradicional entende as decisões financeiras ruins como fruto exclusivo da falta de conhecimento técnico. Essa ótica parte de uma racionalidade perfeita, e ignora a profunda desigualdade de renda existente na sociedade. Quando o objetivo é identificar maus hábitos financeiros para estabelecer uma relação mais saudável com o dinheiro, que tal também considerar fatores psicológicos e comportamentais? É a proposta levantada em “Finanças comportamentais: desejos, tentações e felicidade”, mais recente publicação do Prof. Emerson Weslei Dias, lançada pela Intersaberes em julho deste ano. 

Buscando amparo na Psicologia, na Filosofia, na História e nas complexidades dos relacionamentos interpessoais, a obra constitui um guia interdisciplinar e humano sobre finanças comportamentais. Ao longo de 13 capítulos, temas como neuroeconomia, educação financeira, motivação humana, comportamento coletivo, marketing sensorial, arquitetura da escolha e psicanálise são organizados para ajudar o leitor a compreender o caráter multifatorial de suas decisões financeiras - nem sempre acertadas. Prof. Emerson Dias busca, ao elucidar assuntos complexos em linguagem acessível, mostrar que é possível organizar-se financeiramente sem que haja interferência negativa das emoções no processo de tomada de decisão, independentemente do nível de conhecimento técnico em Economia.

Psicologia Econômica e a subjetividade do trato com dinheiro

Gastar mais do que se ganha, comprar por impulso, abusar do cartão de crédito, priorizar compras a prazo ao pagamento à vista com desconto. São comportamentos danosos, porém frequentes - simbolizam apenas desorganização financeira? “Se olharmos só pela Economia, sim. Se colocarmos Psicologia nesse caso, descobrimos que esse comportamento advém de significados que o indivíduo atribui ao dinheiro, de forma consciente ou inconsciente. Assim, não podemos tratá-lo apenas recomendando que faça uma planilha de controle de gastos mensais. Isso é importante, mas precisamos também compreender os efeitos psíquicos, e isso excede qualquer planilha de controle”, explica o autor.

A Psicologia Econômica é o campo que investiga os fundamentos psicológicos e as consequências dos fenômenos e comportamentos econômicos. “Não cabe apenas uma explicação da Economia para um fenômeno econômico, é preciso sempre tentar compreender a cabeça de quem teve aquele comportamento; seja um indivíduo, seja um grupo de pessoas. A Psicologia Econômica é uma busca para compreender a experiência e o comportamento humanos em contextos econômicos”, salienta o autor. Pode e deve ser usada em análises de consumidor, poupador, investidor, relacionamentos entre sócios, casais, educação de filhos, decisões de compra de empresas, imóveis, contratação de pessoas - inúmeras aplicações a nível pessoal e/ou profissional.

Teoria da Perspectiva e contribuições psicanalíticas

O estudo dos comportamentos financeiros pode ser embasado por teorias da Economia clássica. A Teoria da Utilidade presume que o agente econômico é racional e sempre tomará decisões que lhe tragam mais vantagem ou menos prejuízo, maior satisfação ou retorno. No viés da Psicologia Econômica, entretanto, prioriza-se a Teoria da Perspectiva. “Questiona-se a capacidade do agente econômico ser sempre racional, uma vez que sofre influências das heurísticas, do contexto, da emoção do momento, de vários fatores que afetarão sua visão e, portanto, sua decisão. E esta será, quando muito, ‘racionalmente limitada’. O nome vem da ideia de que indivíduos tendem a avaliar perspectivas futuras envolvendo incerteza e risco de maneira parcial”, esclarece o autor.

A psicanálise oferece suas contribuições na compreensão do processo decisório do indivíduo. Vera Rita de Mello, grande autoridade em Psicologia Econômica no Brasil e importante referencial teórico na elaboração do livro, diz que “para a psicanálise, o componente emocional está presente em todas as ações humanas, tanto no plano psíquico como no sensorial”. Teorias freudianas defendem que “há um instinto gregário inato ao homem”; um espírito animal que, naturalmente, afeta também a economia. “Uma briga de torcidas, investidores querendo vender seus papéis na bolsa de valores, clientes em uma loja em época de Black Friday, pessoas desesperadas para estocar comida porque foi anunciada uma quarentena na cidade… É o esprit de corps – um espírito comunitário que Freud tratou de explicar”, comenta Prof. Emerson W. Dias.

A leitura de “Finanças comportamentais: desejos, tentações e felicidade” é descontraída em deixar de ser solidamente referenciada, recomendada a todos que desejam construir uma coexistência pacífica com o dinheiro. Relevante a estudantes e operadores da economia e da Psicologia, sócios de empresas, parceiros amorosos e demais grupos que, por motivos acadêmicos, profissionais ou pessoais, precisarão conversar sobre investimentos. “Desde que li Schopenhauer, a ideia de compreender a busca por satisfação que nós humanos temos, aumentou em mim. Conectar Filosofia com Economia e fazia muito sentido. Este livro é fruto natural do meu processo de amadurecimento enquanto pesquisador interdisciplinar, como é a Psicologia Econômica”, finaliza o autor.


Ficha técnica

Livro: Finanças comportamentais: desejos, tentações e felicidade

Autor: Emerson Weslei Dias

Número de páginas: 374  | ISBN: 9786555172904

Editora: Intersaberes


Fonte do texto: divulgação da Editora. 

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