O livro "A Quarta Revolução Industrial", de Klaus Schwab, é estruturado em três capítulos e
apêndice, sendo apresentado 1) o contexto histórico das revoluções e a mudança sistemática; 2)
megatendências impulsionadoras da quarta revolução industrial e os pontos de inflexão; 3) impactos na sociedade
e no indivíduo, bem como na economia e nos negócios de forma global e local; e
no apêndice são apresentadas 23 mudanças profundas na visão do autor.
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Três aspectos sustentam a convicção de
Schwab da ocorrência da quarta revolução:
Velocidade
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Evolução em ritmo exponencial, e não
mais linear como as anteriores;
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Amplitude
e Profundidade
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Interconexão de várias tecnologias,
altera não só o ‘que’ ou ‘como’ fazemos as coisas, mas também ‘quem’ somos;
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Impacto
Sistêmico
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Envolve a transformação de sistemas
inteiros entre países e dentro deles, em empresas, indústrias e toda a
sociedade.
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SCHWAB, 2016. Adaptado p.13.
Principais objetivos do autor: a) gerar conscientização sobre a
abrangência e a velocidade da revolução tecnológica e de seu impacto
multifacetado; b) criar uma estrutura para pensar sobre as principais questões
sobre a revolução tecnológica; e c) oferecer uma plataforma que inspire a
cooperação público-privada e as parcerias em questões relacionadas à revolução
tecnológica.
No primeiro capítulo o autor fala sobre o Contexto histórico e Mudanças da Quarta Revolução Industrial. ‘Revolução’ define mudanças abruptas e radicais, a humanidade passou pelas seguintes:
- Revolução Agrícola:
ocorreu há cerca de 10.000 anos, quando não mais foi necessário o
nomadismo pela capacidade de plantar e pela domesticação de animais. Surgem as
comunidades, que aumentam até se tornarem cidades.
- Primeira Revolução Industrial: Ocorreu entre cerca de 1760 e 1840, marcada
pela transição da força muscular para a energia mecânica, pelas construções de
ferrovias e invenção da máquina a vapor.
- Segunda Revolução Industrial: iniciada no fim do séc. XIX, pelo advento da
eletricidade e da linha de montagem possibilitou a produção em massa.
- Terceira Revolução Industrial: inicia na década de 1960, também chamada de
revolução digital, impulsionada pela computação em mainframe (1960), computação
pessoal (1970 e 1980) e pela internet (1990).
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As tecnologias
digitais não são novas, mas estão causando rupturas em relação à terceira
revolução industrial por estarem mais sofisticadas, integradas e com maior
potencial de transformação, não só na área da tecnologia, mas também em fatores
biológicos, como o sequenciamento genético.
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Importante
ressaltar que essas transformações não chegaram a toda a população ao mesmo
tempo, algumas sociedades só se beneficiaram de certas descobertas até um
século depois do início de sua utilização, mas o movimento que se percebe é
que, na revolução causada pela internet por exemplo, essa velocidade foi bem
maior, em menos de uma década ela já tinha se difundido pelo planeta (apesar de
seu uso não ser disponível à totalidade das comunidades).
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Na visão do
autor, a Quarta Revolução Industrial tem potencial para ser tão
impactante quanto as anteriores, mas ele ressalta sua preocupação com a
visão e a compreensão das lideranças sobre as mudanças em curso, uma vez que é
necessário repensar os sistemas econômicos, sociais e políticos praticados até
então.
A escala, a velocidade e o escopo das
mudanças em curso explicam porque
as rupturas e as inovações atuais são mais significativas. Plataformas como
Airbnb, Uber e Alibaba, que em poucos anos mudaram toda uma lógica de negócios
em seus mercados. A digitalização valorou marcas, em relação a negócios
tradicionais, e em geral funcionam empregando menos mão de obra. Outro exemplo:
criação de empresas estilo WhatsApp, que não exigiu muito financiamento para
iniciar, mudando o papel do capital e a escala dos negócios no contexto da
quarta revolução industrial.
Além da velocidade e da amplitude de
escala, há também o fator interdependência e interconexão entre diferentes
tecnologias. Exemplos: fabricação digital interagindo com o mundo biológico,
engenharia e materiais e biologia sintética para criar sistemas que envolvem
interação com microorganismos, nossos corpos, produtos que consumimos.
Schwab cita pesquisas de Brynjolfsson
e McAfee (2014) sobre habilidades computacionais e utilização de IA –
Inteligência Artificial em progressos que já aconteceram e em situações que
ainda estão por vir. Um dos exemplos: assistentes virtuais que operam por IA
ativada por voz, sendo a Siri da Apple sua pioneira.
Para além dos benefícios, há também
grandes desafios gerados por este novo cenário: particularmente, a amplificação da
desigualdade. Somos consumidores e produtores, e as facilidades melhoram em
geral a produtividade das pessoas. Mas muitos que depende do próprio trabalho se
desiludem neste contexto. “a consequência do efeito plataforma é a concentração
de poucas plataformas poderosas que dominam seus mercados, oferecem boas opções
e preços para seus consumidores, emparelham vendedores e consumidores e
conseguem ganhar em escala crescente.
· Questão colocada:
“Quando ocorrerá a ruptura, quanto irá demorar e como ela afetará a mim e a
minha organização?” (p.21).
Na sequência, os Impulsionadores e Megatendências:
Através de pesquisas realizadas pelo
Fórum Econômico Mundial e suas agendas, o autor separa algumas tecnologias e
megatendências que impulsionarão a Quarta Revolução Industrial.
As megatendências foram divididas em
três categorias:
Categorias
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Breve
definição
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Exemplos
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Física
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São de natureza tangível
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Veículos autônomos e drones, Impressão 3D,
Robótica avançada, novos materiais (ex.: grafeno, PHTs,...).
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Digital
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Ponte de conexão entre o físico e o digital,
como a IoT – ou Internet das Coisas.
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Um smartphone ou tablet por exemplo
conectado à internet, transmitindo e recebendo informações da rede de
internet. Um material que recebe um sensor de radiofrequência para ser
rastreado em seu trajeto. Blockchain
– tecnologia segura e colaborativa. Possibilitou o surgimento do Bitcoin,
ou das criptomoedas. Modelo de plataforma, como Uber, Airbnb, Alibaba,
Facebook. (Característica das plataformas digitais: redução drástica dos
custos de transação.
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Biológica
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Inovações no campo da biologia, e em
particular, da genética.
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Decodificação do genoma humano; biologia
sintética, com impactos na medicina em tratamentos de doenças graves e na
agricultura com biocombustíveis, engenharia genética (CRISPR/Cas9); edição
biológica; fabricação 3D aliada à edição de genes para produção de tecidos –
bioimpressão tridimensional.
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Ainda há aspectos que evidenciam mais
possibilidades de carreira e pesquisa em inovações incrementais em detrimento
das mais inovadoras.
Pontos de Inflexão: Quando se fala dessas megatendências, apesar de
parecerem abstratas, já estão dando origem a projetos e aplicações bem
realistas.
Momentos de inflexão são exatamente os
momentos em que as mudanças chegam à sociedade, e eles oferecem um contexto
importante, pois sinalizam a aproximação de alterações significativas e indicam
a melhor forma de estarmos preparados e respondermos a elas.
Destaque do capítulo três são os Impactos dessa revolução: na economia, na produtividade e nas
competências. Ações do Governo, questões éticas e regulatórias; e nas reflexões finais: o autor nos leva à reflexão sobre a
coletividade, e sobre a aplicação dos quatro tipos de inteligência, e como
poderemos utilizar tudo isso para um ‘novo renascimento cultural’.
SCHWAB, Klaus. A quarta revolução industrial. World Economic Forum. São Paulo: Edipro. 2016.
Sobre o Autor: Klaus Schwab é fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial. Possui graduação e Doutorado em Engenharia e Economia, e Mestrado em Administração Pública por Harvard. Nascido na Alemanha, atualmente vive na Suíça.
Resumo por S|A